segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Aos meus colegas Professores (Titulares ou não)

Caro colega,

Recordo hoje o modo como nestes últimos quatro anos e meio foi tratado.


Sei que continua no mesmo escalão em que estava em 2005 e que só mudará daqui a dois ou três anos.


Partilho consigo a frustração de tantas vezes querer ensinar a quem não quer aprender e a habilidade de ter aprendido a entreter.


Sei do infindável número de horas que perdeu em reuniões ou no preenchimento de papéis inúteis que outra coisa não serviu que não fosse a justificação do sucesso estatístico que nos impõem.


Tenho saudades do tempo em que Ministros e Secretários de Estado patenteavam, pelo menos, alguma consideração por nós.


Manifesto o meu orgulho pelos momentos, deveras singulares, em que demonstrámos saber ser uma classe profissional que lutou, em uníssono, pela sua dignidade e pela qualidade do Sistema de Ensino.


Envio um grande abraço aos (muitos) colegas que, em favor da sua sanidade mental e bem-estar das suas famílias, resolveram terminar as suas carreiras e colocar um ponto final naquilo que mais gostavam de fazer, ensinar.


Tenho saudades do tempo em que não tinha que o avaliar e sabia que nunca seria avaliado por si. Lembra-se, colega, as únicas quotas de que falávamos eram as do glorioso!


Caro colega,


Hoje dirijo-me a si porque sei o que me foi dizendo deste Governo neste últimos quatro anos. Sei também do tempo que tirou à sua família para sair à rua e fazer ouvir a sua voz. Sei que nunca reclamou por melhor salário apesar de, em alguns meses, as greves terem abalado o orçamento familiar.


Não acredito que tudo isto possa ter sido em vão!


Sabe, colega,


Sei que muitas das coisas (que nos fizeram) dificilmente voltarão a ser como dantes. Mas de uma coisa tenho a certeza. Com estes novamente a governar-nos é que não mudarão, de certeza!


Por isso, quando votar no dia 27, mais do que a sua ideologia política, mais do que o modo como votou em eleições anteriores, mais do que a sua simpatia por A, B ou C, pense na resposta a esta questão:


Como votar para garantir (efectivamente) que Sócrates não é Governo outra vez?


Desculpe, colega, pela ousadia de uma última observação. Se daqui a uns meses colocar no jornal um anúncio em que pede desculpa pela sua responsabilidade na permanência destes mesmos no Governo, prometo que lhe faço engolir o papel!

1 comentário:

Anónimo disse...

Infelizmente, pelo que vejo, colega, vamos aturar mais 4 anos de balda,incompetência, corrupção e parasitismo.


Esperemos um milagre!...