quarta-feira, 24 de abril de 2013

Novo programa de Matemática para o Ensino Básico

Acabou de ser "colocado à discussão pública" o novo programa de Matemática para o Ensino Básico (AQUI).
Li, "na diagonal", o documento, pelo que é prematuro comentar o conteúdo. Apenas deixo algumas notas sobre o processo.

  1. Tal como escrevi no início de Setembro passado, ficou provado que a conciliação entre o programa (de 2007), em vigor, e as metas elaboradas (em 2012) não era possível. Foi um acto precipitado e teimoso que produziu, em concreto, apenas instabilidade e confusão.
  2. Concordando-se ou não com as metas (estas ou as outras) ou com os programas (com o novo ou com o antigo), uma coisa parece certa: não existem, também a este nível, os acordos de regime tão necessários para que os ciclos de vida das políticas possam produzir efeitos ou até ser convenientemente avaliados. E, no caso da Educação, as coisas demoram tempo e precisam de consensos alargados. Só assim se conseguirá que os agentes educativos, professores em especial, as assumam verdadeiramente como suas e não como algo que, à semelhança de tantas outras situações, simplesmente se cumpre. Ora, é patente a guerra de paradigmas entre os protagonistas deste novo programa e os do antigo. O programa anterior durou 6 anos. Alguém se atreve a dizer quanto durará este? Valerá a pena o investimento?
  3. Já cá andamos há algum tempo para perceber que esta coisa de colocar à discussão pública é para cumprir calendário. Faz-se para se dizer que se fez. Em minha opinião mais valia assumir que era assim e pronto! Na verdade, e embora a leitura não tenha sido exaustiva, fica claro que o documento está claramente definido.
  4. Esta "cultura de rigor e de excelência desde o Ensino Básico", que o Ministro tanto apregoa e que aparece no documento não exigirá também uma mudança na legislação que regula a avaliação sumativa do Ensino Básico, nomeadamente, por exemplo, no que se refere ao modo (subjectivo) como os alunos transitam de ano nos anos não terminais de ciclo? E como se concilia o grau de exigência deste programa de Matemática com o cumprimento da escolaridade obrigatória, agora de 18 anos?
  5. Se bem entendi o Ponto 5 do despacho que revogou o programa de 2007 (Despacho n.º 5165-A/2013) - "(...) o Programa de Matemática para o Ensino Básico de 2007 (...) fica revogado a partir do ano lectivo de 2013-2014, passando a constituir-se como documento de referência auxiliar, de acordo com normas de transição a serem concretizadas" - haverá um plano de transição do antigo para o novo programa. Espero que esse plano não queira fazer tudo de uma vez. Na minha opinião a dita transição deve iniciar-se no próximo ano lectivo para o 1º ano e estender-se, juntamente com as respectivas metas curriculares, sucessivamente aos outros anos de escolaridade nos anos subsequentes. Este novo programa alicerça-se em pressupostos diferentes do anterior, quer nos lembremos do paradigma educacional que o justifica, quer analisemos, por exemplo, coisas mais práticas como o encadeamento dos temas, isto é, a sua verticalidade. Não tem sentido "enfiá-lo" a meio (no início do 2º ou do 3º ciclos, por exemplo). Se tal se fizer, cai-se exactamente no mesmo erro que aconteceu quando a vontade de impor as metas se sobrepôs ao bom-senso e à realidade. E também é preciso minorar os efeitos colaterais. Estou a lembrar-me, por exemplo, dos Encarregados de Educação que teriam assim mais um "tempinho" para conseguirem que os manuais do filho mais velho servissem para o mais novo.
  6. Sim, vêm aí muitos livros novos!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Produto Interno Bruto (PIB) - 2012

Produto Interno Bruto (PIB) - 2012

European Union (27 countries) 12.899.149,5
United States 12.207.970,1
Euro area (17 countries) 9.487.372,5
Japan 4.643.066,6
Germany 2.643.900,0
France 2.029.877,4
United Kingdom 1.901.001,4
Italy 1.565.916,1
Spain 1.049.525,0
Turkey 612.412,7
Netherlands 600.638,0
Switzerland 491.987,1
Sweden 408.467,2
Norway 390.008,7
Poland 381.361,4
Belgium 376.840,0
Austria 309.900,9
Denmark 244.063,7
Finland 194.469,0
Greece 193.749,0
Portugal 165.409,2
Ireland 163.595,4
Czech Republic 152.828,0
Romania 131.747,0
Hungary 97.756,3
Slovakia 71.463,0
Luxembourg 44.425,7
Croatia 43.903,9
Bulgaria 39.667,7
Slovenia 35.466,3
Lithuania 32.781,8
Serbia 29.932,3
Latvia 22.258,0
Cyprus 17.886,8
Estonia 16.998,2
Iceland 10.627,5
Macedonia 7.707,7
Malta 6.755,9

Valores em milhões de Euros
Fonte: Eurostat

O défice público



Fonte: Eurostat

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O GAVE tem sempre razão

Só nos últimos dias reparei que a Associação de Professores de Matemática (APM) elaborou em 17 de Março um parecer sobre o Teste Intermédio de Matemática A (12º Ano), realizado em 28 de Fevereiro. Tal parecer mereceu resposta do GAVE, por "parte da equipa responsável pelos testes intermédios". O parecer e a respectiva resposta estão publicados na página da APM.

No passado dia 1 de Março elaborei neste blog um comentário ao referido teste intermédio. Não tinha a pretensão de que tal comentário merecesse resposta do GAVE, como não teve. Encontro, no entanto, na resposta dada por esta entidade à APM alguns esclarecimentos que se enquadram na temática dos comentários que escrevi.

Perdoem-me então que comente agora alguns pontos da dita resposta do GAVE.

Começo por referir que o faço de forma individual, num exercício de cidadania que, julgo me é permitido fazer num estado de direito, e como agente participante, com direito a opinião, no processo educativo do meu País. Mais acrescento que não sou sócio da APM e que tenho, na maior parte das ocasiões, discordado de muitas das suas posições.

A primeira coisa que salta à vista da leitura da resposta do GAVE é esta: o GAVE tem sempre razão, mesmo quando não tem. Como é assim, por dever de obediência, fico por aqui neste parágrafo.

A resposta do GAVE começa por usar as estatísticas para contestar a opinião da APM de que a extensão do teste colocou em causa a qualidade ou a possibilidade de acerto nas questões. Segundo os dados estatísticos do teste (que continuam a ser segredo de estado!), "dos 33854 alunos que realizaram o teste, 319 tiveram uma classificação igual ou superior a 19,5 valores e, destes, 93 tiveram 20 valores". Ou seja, em percentagem, 0,9% dos alunos e 0,3%, respectivamente. Quer isto dizer, segundo o GAVE, que o facto de 1 aluno em 100 ter uma classificação igual ou superior a 19,5 valores permite concluir que a extensão do teste foi adequada. Já agora convém recordar que, no teste intermédio do ano lectivo anterior (13/Março/2013), a percentagem dos alunos com uma classificação igual ou superior a 19,5 valores andou próxima dos 3%.

O GAVE argumenta também que, comparativamente aos testes intermédios aplicados a Matemática A desde 2008/2009, não há alteração significativa no valor da percentagem de respostas nulas aos últimos itens dos testes. Aceito que esta percentagem possa ser um indicador relevante do ajustamento entre a extensão do teste e o tempo disponível para a sua resolução. No entanto, tal indicador deve ser usado com cuidado. Depende, por exemplo, das próprias matérias que nos últimos itens estão a ser testadas ou do próprio "aspecto" desses itens. Depende mais ainda da maturidade dos alunos que estão a realizar a prova. Ora, no 12º Ano, a maioria dos alunos já sabe que não tem que resolver a prova pela ordem das questões. Sabe que deve dar "uma vista de olhos" global ao teste antes de o começar a resolver, de modo a escolher primeiro aqueles itens que lhes parecem conseguir resolver com mais facilidade ou que lhes ocupem menos tempo. O que o GAVE se esqueceu de dizer na sua resposta é que existe um item, o 1.2, com uma percentagem de 66,31% de respostas com cotação nula (cerca de 22449 alunos). No historial de testes intermédios que o GAVE usa para a sua análise comparativa existirá algum item com tão elevada percentagem de respostas nulas? Não deverá este facto ser considerado também como indicador para analisar a extensão do teste? Terá sido este o item que a maioria dos alunos deixou para o fim e, depois, não teve tempo para resolver?

Refere ainda a resposta do GAVE que a média nacional deste teste intermédio, 9,3 valores, é semelhante à média do exame de 2012. Suponho que os signatários da resposta se referem à média da 1ª fase (8,7 valores). A minha opinião é que o termo de comparação não devia ser o exame, dado que o tempo de realização, a estrutura e os conteúdos das provas diferem. Acho preferível comparar com o teste intermédio da mesma altura de 2012, o de 13 de Março. Aí a média foi 11,8 valores, ou seja, caiu 2,5 valores.

Fui aos meus papeis e deparei com um documento que me foi entregue no âmbito de uma formação ministrada pelo GAVE (Avaliação Externa no Ensino Secundário) que frequentei há uns anos atrás. A certa altura do documento pode ler-se: "Um dos objectivos do exame do 12º ano é discriminar os alunos. Assim, os itens devem ser desejavelmente discriminatórios, isto é, devem ser acessíveis aos bons alunos e pouco acessíveis aos maus alunos". Continua no parágrafo seguinte: "Estudos sobre avaliação mostram que os itens de dificuldade média são os que mais discriminam, portanto, embora num exame devam existir itens com um grau de dificuldade variado, devem predominar os de dificuldade média. É desejável que, para a maioria dos itens, a cotação média obtida esteja entre 30 e 70% da cotação máxima (coeficiente de dificuldade do item)". A tabela seguinte apresenta, para os itens do Grupo II, os coeficientes de dificuldade obtidos nos testes intermédios de 13/Março/2012 e de 28/Fevereiro/2013:
Segundo o critério enunciado para caracterizar a dificuldade dos itens, observamos que no teste de Março de 2012 todos os itens apresentam um coeficiente dentro dos limites estabelecidos, existindo dois com valores próximos do limite inferior (itens 3.2 e 4). No teste de Fevereiro de 2013, os itens 1.2 e 3.2 têm um coeficiente abaixo do limite mínimo desejável, o item 4.2 consegue ultrapassar ligeiramente esse limite e os itens 1.1 e 3.1 ficam abaixo dos 45%. Deixo as conclusões ao leitor, mas acho que estes números vão de encontro ao que escrevi, no post anterior sobre este assunto, quando disse que tinha "dificuldade em encontrar neste TI exercícios em número suficiente para garantir a um aluno com um desempenho na Matemática baixo, médio baixo ou até mediano, a possibilidade de ter positiva" e que "num teste, o nível de dificuldade deve ser doseado" e que "devem existir questões com diferentes níveis de dificuldade".

Não posso terminar sem comentar o que a resposta do GAVE refere quanto ao enquadramento que os limites solicitados no teste intermédio têm no programa em vigor. E só há um comentário a fazer: querem lá eles saber do programa!
Prova disso é o que acaba de acontecer no momento em que escrevo estas linhas. Acabam de revogar o programa de Matemática do Ensino Básico. Durou 6 anos. Já não serve pois foram "os outros" que o fizeram.Vai para o lixo, juntamente com todo o dinheiro que se gastou no seu acompanhamento. E com ele vão os livros que deviam passar do filho mais velho para o mais novo.
Grande negócio este das editoras! 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Menezes, Seara e Relvas, três tiros nos pés

A forma como o PSD geriu os casos destes três senhores pode ser considerada um bom exemplo de como não se deve fazer política. Em todos eles há um denominador comum: os interesses individuais e/ou os compromissos assumidos, nomeadamente aquando das eleições para o partido, sobrepõem-se à razão, à competência, ao que deve ser feito e aos interesses do próprio partido.
O caso de Relvas é exemplar. Foi ele quem trabalhou para que Passos fosse eleito líder do PSD. Foi Relvas que "mexeu os cordelinhos" da máquina partidária. Passos devia-lhe isso. Por isso o fez ministro. Por isso o aguentou este tempo todo (embora continue a achar que se a RTP não existisse, o Sr. continuaria a ser ministro e nunca se teria sabido que, afinal, o "Dr" atrás do seu nome não valia).
Nessas mesmas eleições para a liderança do PSD, Menezes coordenou os votos a norte (embora na Concelhia do Porto tenha perdido), ao mesmo tempo que aproveitava para se vingar daqueles que nunca o respeitaram como líder do Partido. Menezes apressou-se a dizer que era candidato ao Porto, colocando a "batata quente" do lado de Passos. Este já há muito que deveria ter dito aos seus correlegionários: "Olhem lá, a gente não concorda com a limitação de mandatos, mas devemos respeitar a Lei. Caso contrário, vamos ser vistos como chicos-espertos que arranjaram uma forma de a contornar".
Não o fez. Talvez por falta de visão política. Talvez porque tinha de alimentar quem o suportava. Talvez porque acreditava que estes senhores dariam votos para ganhar câmaras municipais.
Seja como for, duas coisas são certas:
- O desgaste provocado por Relvas deixou marcas que dificilmente serão remediadas.
- O PSD só tem a perder com estes casos como os de Seabra e Menezes. Vão agora arrastar-se nos tribunais. Se a decisão não lhes for favorável, perdeu-se o tempo de criar novas candidaturas com reais possibilidades de ganhar. Se a decisão lhes for favorável, serão sempre vistos como políticos que contornaram a Lei e a única coisa que pretenderam foi garantir o seu protagonismo e a sua subsistência. Foi por razões semelhantes a estas que Fernando Gomes perdeu a Câmara do Porto.
Em qualquer das hipóteses, em minha opinião, o PSD já perdeu as duas maiores câmaras do País!

sábado, 13 de abril de 2013

Bad, U2

Comentário ao Teste Intermédio de Matemática do 9º Ano (12/04/2013)

Começo por referir o meu agrado com o facto de se restringir a utilização da calculadora a uma parte do teste, isto é, de a colocar no seu devido lugar: instrumento de auxílio à Matemática e não um fim em si mesmo.

Comparativamente ao de Maio do ano passado, o teste apresenta melhorias assinaláveis, quer em termos da tipologia dos itens, quer em termos de coerência com o programa. Ou seja, há uma gestão mais aceitável na conexão que se faz entre os temas do programa que se pretendem avaliar num determinado item, não se colocam itens "tipo olimpíadas" e a coerência com o programa (agora único) em vigor existe. Um reparo apenas no que respeita às questões 8.1 e 11.1, em que se faz apelo a capacidades semelhantes.

O que acabei de escrever não invalida que continue a considerar que o nível de dificuldade é alto (em que este alto tem como termo de comparação a história recente dos testes intermédios e a obrigatoriedade administrativa do sucesso da escolaridade obrigatória). São em número considerável os itens em que os conceitos e procedimentos matemáticos não são solicitados de forma directa (4.1; 6.1; 8.1; 11.1 e 12).

Em resumo:
Mais equilibrado e coerente. Com um nível de dificuldade que, embora elevado, é mais aceitável.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Dama de Ferro


Como era bom que os lideres europeus actuais tivessem metade da noção de serviço à nação desta senhora!

domingo, 7 de abril de 2013

Despedir pessoas

É esta a solução do Governo para compensar os cortes chumbados pelo Tribunal Constitucional.
E, para os professores, os compromissos do Ministro da Educação "vão à vida" já nas próximas semanas!

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Os exemplos dos países do norte

"Actualmente, os professores dinamarqueses passam uma média de 16 horas semanais nas salas de aulas".
In Público Online