sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Comentário ao Teste Intermédio de Matemática A, 12º Ano de 29/11/2013

Na generalidade, o teste enquadra-se no que era espectável. Apresenta um nível médio de dificuldade, predominando os itens dentro deste parâmetro de dificuldade. Abrange a quase globalidade dos conteúdos previstos para o tema "Probabilidades e Combinatória" do 12º ano - esqueceram-se dos arranjos completos!
Tal como prometido na informação relativa a este teste intermédio, fizeram aparecer a Geometria em duas questões (4.1. e 4.2.). Embora os conhecimentos exigidos neste tema não fossem por aí além (Geometria de 10º ano), acho que só o simples facto de a geometria no espaço ter aparecido condicionou alguns alunos. Há que referir também que a tipologia de alguns dos itens manteve as características de itens saídos em testes de anos lectivos anteriores. A título de exemplo, o item 2.2. é muito parecido (também em dificuldade) com o item 1.1. do teste de 28/02/2013. Parece-me, finalmente que continua a existir uma deficiente conjugação entre a extensão do teste e o seu nível de dificuldade. Algumas questões exigiam tempo para pensar. Julgo que os 90 minutos foram insuficientes para que tal pudesse ter acontecido da melhor forma.

Uma nota (importante) relativa aos critérios gerais de classificação.
Mais uma vez eles não são iguais aos do ano anterior. Tem sido recorrente esta alteração de ano para ano. Suponho que o objectivo é o de melhorar, de os tornar mais abrangentes, claros e objectivos de modo a que sejam mais eficazes. Nem sempre as alterações foram as mais felizes, na minha opinião. Quero referir três dessas alterações em relação ao ano lectivo anterior:
A primeira:
Corrigiu-se uma asneira, introduzida  nos critérios o ano passado com aquele parágrafo ("caso o aluno apresente elementos em excesso face ao solicitado e tais elementos piorem a consistência da resposta e/ou afetem a caracterização do desempenho, a resposta deve ser classificada com zero pontos"), com a inclusão do critério 21.
A segunda:
Acabou-se, e bem, com a "avaliação do desempenho no domínio da comunicação escrita em língua portuguesa". Esta avaliação, na maior parte dos casos, era subjectiva e acabava apenas por servir para ajustar a classificação final de cada prova.
A terceira e que merece mais atenção:
Até agora era "aceite e classificado qualquer processo de resolução cientificamente correto". Agora é "aceite qualquer processo de resolução, desde que enquadrado pelo programa da disciplina". Isto quer dizer, tal como os critérios fazem questão de referir, que "não são aceites processos de resolução que envolvam a aplicação da regra de Cauchy, da regra de L’Hôpital ou de resultados da teoria de matrizes".
Não consigo deixar de pensar na ironia deste critério. Penso em alguns dos testes intermédios que, sob alçada deste Ministério, apareceram nos últimos anos e na forma como aí foram várias vezes ignoradas as orientações do programa ou até o próprio programa. E agora, os mesmos responsáveis, decidem que tudo tem que estar enquadrado pelo programa. Que pensar disto?
Talvez julguem que o programa novo, o deles, já está em vigor. Os ficheiros do IAVE, mas que ainda estão na página do GAVE, até dizem "nov2104" - "TI_MatA12_nov2014_V1.pdf". Mas, pensando melhor, não poderá ser, pois a regra de Cauchy, a de L'Hôpital e outras coisas mais estarão nesse novo programa.
Não, o problema é que estas duas regras resolvem de uma forma simples a dificuldade de alguns dos limites que aparecem nos testes. Será "batota" ensinar aos alunos estas regras? Terá sido justo que alguns deles as conhecessem e outros não?
Não tenho respostas para estas perguntas, mas de duas coisas tenho a certeza.
Esta equipe do Ministério é a última da lista no que respeita a julgar o enquadramento no programa.
Sempre me desagradou quando a norma é construída para responder a uma situação individual. Basta lembrar o exemplo da lei de limitação de mandatos. Para resolver um problema específico, esquece-se o âmbito geral da questão. Se o aluno usar  a Lei dos Senos, uma co-tangente ou uma exponencial de base entre zero e um, por exemplo, estará desenquadrado do programa? Quem vai julgar o enquadramento no programa da disciplina? Será licito numa disciplina como a Matemática impor limites ao conhecimento?

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Ranking de escolas 2013

Tal como aconteceu no ano passado, alguns órgãos de comunicação social anunciam hoje a publicação para amanhã do ranking de escolas 2013. Mais uma vez, foram-lhes disponibilizadas as bases de dados ENES e ENEB antecipadamente.
Continuo a não perceber qual a razão que justifica que uma entidade pública privilegie uns em relação a todos quanto à disponibilização da informação.
Aqui fica o meu protesto, mais uma vez também! 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Em defesa da Língua Portuguesa

"Nos tribunais, pelo menos neste, os factos não são fatos, as actas não são uma forma do verbo atar, os cágados continuam a ser animais e não algo malcheiroso e a Língua Portuguesa permanece inalterada até ordem em contrário".

Juiz Rui Teixeira

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ora aí está um novo programa de Matemática A!

Tomem lá um programa(ão), já feitinho pois não quero saber de consultas prévias.

A leitura que fiz foi em diagonal. É para entrar em vigor a partir de 2015/16 e a coisa cheira a muita Matemática pura e dura. Lógica, teoria de conjuntos, integrais, osciladores, majorantes e minorantes, indução, Rolle, Cauchy, Lagrange e Weierstrass, só para referir alguns. Tudo e mais alguma coisa com metas e mais metas a acompanhar. Pouco lá deve faltar. Os professores dos primeiros anos das faculdades pouco mais terão de dar.

Ao olhar para aquilo não consegui deixar de pensar que estava a reviver os meus três anos de ensino secundário na disciplina de Matemática. É tudo muito parecido com o que estava nos meus livros de então. Estou a falar dos anos 80. Sim, aqueles que tiveram também o melhor pop/rock e que foi quando entramos na CEE. Afinal até terá sentido voltar atrás cerca de 35 anos, pois em 2015 estaremos tão pobres como em 1980.

Mas não é bem igual. Ainda conseguiram fazer melhor.
Pensei que estavam a passar do 8 ao 80, mais uma vez.
Mas não, pois este novo programa já não vai ser para todos. Nessa altura o Ensino Público será residual e estará confinado apenas aqueles que seguirão "outras vias de ensino".
Este programa é para uma elite.

Mas não é tudo más notícias. Parece que já não vai ser preciso a calculadora gráfica para os exames!
A disciplina de Matemática A vai ser ainda mais "um bicho de sete cabeças" mas, pelo menos, já não se obriga os rapazes a gastarem dinheiro na calculadora.
Não sei é se a CASIO e a TEXAS vão gostar disto!