quarta-feira, 26 de junho de 2013

Comentário à prova de exame nacional de Matemática A (635) - 2013 - 1ª Fase

Começo por referir que considero que não se soube adequar a extensão/dificuldade da prova com o tempo disponível para a realizar. Na realidade, as 3 horas disponíveis parecem-me curtas para garantir a um aluno de desempenho médio o tempo necessário para resolver, em condições, todas as questões da prova. 
Esta dificuldade aconteceu já nos testes intermédios do 12º ano do presente ano lectivo. Vale a pena ponderar sobre este assunto pois foi ele que motivou, há alguns anos atrás, o aumento do tempo de realização das provas de exame. Se, também aqui, jogamos "ao gato e ao rato" - aumenta-se o tempo e, a seguir, a extensão das provas - então mais vale ficar tudo como estava antes.

O nível de dificuldade da prova está na linha da filosofia actual, mas não da do programa em vigor, e que já se vem manifestando desde as provas de exame do ano passado.
Os itens do Grupo I (escolha múltipla), na sua maioria, passaram a exigir significativo trabalho de cálculo ou de aplicação dos procedimentos, conceitos e regras estudadas. Assim, também eles "consumiram" uma parcela considerável do tempo disponível para a realização da prova. Uma nota particular para a tipologia do item 6, nada habitual em situação de exame, em que se transforma uma questão de escolha múltipla no apuramento da veracidade de 3 afirmações distintas. Para além de pouco espectável, parece-me até desenquadrado do que se infere da leitura da informação de exame desta prova.

No Grupo II surgem alguns itens com um nível de dificuldade superior. Refiro, em particular, as questões 2.2., 4.3 e 5. O problema da gestão do tempo disponível face às dificuldades que foram aparecendo na resolução destes itens pode ter complicado a clarividência para a resolução dos itens restantes que, não sendo fáceis, podem ter-se tornado mais difíceis de resolver do que na realidade o eram.

Importa referir aqui também, em abono da verdade, que muitas das questões da prova apresentavam similaridades com questões saídas quer em provas de exames anteriores quer nos dois testes intermédios realizados no presente ano lectivo. Considero até que esses dois testes intermédios se tornaram a melhor fonte de preparação para a prova de exame. Isto representa alguma coerência em termos do que foi a preparação recente para esta prova.

Concluo reforçando uma ideia que tenho transmitido sobre este assunto. A mudança, que era necessária, está a fazer-se muito rapidamente. Muitos vão ter dificuldade em apanhar esta carruagem que está a andar demasiado depressa.

Resolução da prova de exame nacional de Matemática A (635) - 2013 - 1ª Fase

Encontra AQUI a resolução.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Comentário à prova de exame nacional de MACS (835) - 2013 - 1ª Fase

Em termos de estrutura e tipologia das questões, a prova não foge ao que tem sido habitual nos últimos anos. No entanto, apresenta agora alguns itens em que se aumentou o nível de dificuldade. Considero que tal aumento era necessário e que aconteceu nesta prova de forma sensata. Não se aumentou a dificuldade abruptamente e/ou de forma generalizada. Tentou-se enquadrá-la num reduzido e  limitado conjunto de itens, de tipologia já conhecida, mas agora reformulada para receber essa dificuldade.

Apesar disto, adianto observações sobre algumas situações que julgo merecerem reparo.

  • Item 1.2. - A ideia do divisor modificado foi infeliz. Numa prova em que pouco se apela aos conceitos (a prova tem formulário, muitas das questões resolvem-se com a calculadora e habituaram-nos a longos enunciados que indicam ponto a ponto o que o examinando deve fazer) não se compreende muito bem a necessidade de introduzir um conceito pouco explicado os alunos. O divisor modificado não é explorado nas aulas como conceito em si mesmo, mas como algo que surge na prática de aplicação dos métodos de apoio à decisão. Já que  é habitual dizerem tudo nos enunciados, com mais umas linhas diziam também como encontrar tal divisor. Bastava dizer que era por tentativas!
  • Ainda relativamente ao mesmo item, gostava de perceber a nota dos critérios específicos de classificação ("Se o examinando apresentar o valor 21,4, ou o valor 21,5, para o divisor modificado, a pontuação a atribuir nesta etapa não deve ser desvalorizada"). Alguém me explica porque é que se põe a hipótese de ser desvalorizada?
  • Itens 3.1 e 3.2. (e podia acrescentar o 2.3.2.) - Há, claramente, redundância. Exige-se nos dois (três) itens o mesmo conhecimento ou capacidade, a probabilidade condicionada ou regra do produto. Tal significa que quem não tiver este conhecimento não resolve nenhuma das duas (três) questões. Inadmissível numa prova de exame!
  • Item 5. - O enunciado diz, claramente, o que deve constar da resposta. Em particular, o examinando deve "apresentar, justificando, uma solução". O problema aqui é o "justificando". A leitura dos critérios específicos de classificação leva-nos a concluir que tal justificação é a invocação da regra de Euler (que está no formulário). Acho, no entanto, que se o examinando, depois de eulerizar o grafo, indicar um circuito que seja solução do problema está, simultaneamente, a justificar a solução. E tal deve ser tomado em consideração.
Em nome do rigor, julgo, finalmente, que na questão 4.1 poderia ter sido indicada a forma de apresentação das frequências (em fracção irredutível, por exemplo) e no item 2.2 o enunciado deveria clarificar que os valores dos capitais apresentados da conta Y sofreram arredondados às centésimas.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Ódio aos professores e à função pública



Há gente assim, que ganha a vida a dizer mal dos outros. Gente que parece impregnada de um ódio que lhe corre nas veias e que constantemente transpira cá para fora. Gente que cospe no prato que alimenta a venda dos seus livros. Um daqueles brilhantes negócios da iniciativa privada que a escola (pública) sustenta.
Segundo esta mente superior, os professores tiveram "falta de respeito pelos alunos, falta de respeito pelas famílias, falta de respeito pelo sistema de ensino que lhes cumpre servir (...) e falta de brio profissional".
Estamos com sorte. Desta vez não se lembrou de nos chamar palhaços!
Estará em vigor alguma pena suspensa que o impediu de usar o adjectivo?

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sobre a utilização da calculadora gráfica TI NSPIRE CX em exame

Tal como as normas de utilização das calculadoras indicam, não são admissíveis em exame calculadoras com capacidades CAS (Cálculo Álgébrico Simbólico) - ver listagem das calculadoras admissíveis AQUI.

Pelos vistos, o JNE (Júri Nacional de Exames) descobriu recentemente (e a TEXAS também) que alguém inventou "uma aplicação externa" que, uma vez instalada na calculadora gráfica TI NSPIRE CX, lhe confere capacidades CAS.
Como tal capacidade não é admissível em exame, o JNE providenciou duas mensagens sobre o assunto a que vale a pena prestar atenção: 

Tendo em consideração a importância do assunto, pois pode implicar a anulação de provas, não deixo, no entanto, de assinalar o ridículo da situação. Podem continuar a instalar o que quiserem na calculadora, podem continuar a colocar lá o que bem entenderem. Só não pode ser é CAS!

domingo, 16 de junho de 2013

Sim, amanhã farei greve!

Apesar de difícil, foi uma decisão que já há alguns dia tomei. Que me tem deixado incomodado, é verdade! Mas que é a única que posso tomar.

Farei greve também pelas razões que, formalmente, a fundamentam.
Pergunto:
Se o aumento das 5 horas é só para a componente individual, isto é, se na prática não se vai traduzir em mais trabalho, então porque se aumenta?
Se não haverá professores em regime de "requalificação", então porque é que se cria este regime?
Se tudo isto não acontecerá, se tudo isto não terá efeitos práticos, qual é a razão então que fundamenta a criação de inocuidades? 

Mas farei greve, principalmente, porque quero manifestar o meu desagrado e a minha revolta por tudo aquilo que fizeram (estes e outros) e vão ainda fazer contra a minha dignidade como professor e contra uma escola que, querem, o menos pública possível.
Estou farto de ser apenas despesa, de ser "ajustamento". Como sou funcionário público, sei que não gostam de mim. Para eles devo estar sujeito a tudo, quer isso signifique trabalhar com muitos ou poucos alunos, trabalhar hoje com uma lei, amanhã com outra e até, às vezes, com as duas juntas. Devo estar preparado para leccionar tudo, quer sejam disciplinas da minha área de formação ou não, aqui ou noutro lugar distante. Tenho que saber educar para tudo e para mais alguma coisa. E, no fim, devo proporcionar sucesso educativo.
E devo fazê-lo, sempre, imbuído de um espírito de serviço público e até de missão.
Acho que o tenho feito. A verdade é que preciso de o fazer. Preciso de trabalhar. Tenho quem de mim dependa.
Mas isso não me impede de lhes dizer que também eu não gosto deles. De lhes dizer que também eles foram eleitos para servir. Servir o povo português, entenda-se!
Quanto à escola pública, já o referi aqui diversas vezes, não aceito que ostensivamente se a desvalorize para a tornar comprável (ou, pelo menos, algumas delas), para a tornar negócio para alguns daqueles que hoje a ostracizam.

E os alunos?
Amanhã serão eles os prejudicados. Sim, sem dúvida. Como são sempre que há uma greve. Sim, quando ficam sem aulas em razão de uma greve, também são prejudicados. E quantas já se fizeram!

Então, porquê a greve aos exames?
A resposta já foi dada nestes últimos tempos.
Talvez só assim o País perceba que precisa dos seus professores e da sua escola.

E valerá a pena?
A esta pergunta não sei responder.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O que fica claro

Concorde-se ou não com as greves, adira-se ou não a elas, dois factos ficam (mais uma vez) evidentes:

  1. Este Ministro, tal como outros que o antecederam, o que gostava era de não ter professores.
  2. Este Governo não sabe perder. E quando isso acontece, aproveita o que tem à mão para se vingar.

Dá ideia de que o que eles gostavam era de ter um estado sem recursos humanos para gerir. Não havia funcionários públicos. Nem reformados. Era tudo por subcontratação, tal como os homens do betão tão habilmente sabem fazer. O mais "amigo" levava o contrato!
Mas, se assim fosse, faria sentido haver Governo e governantes?

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Acesso ao Ensino Superior 2013

Em resposta a alguns pedidos, esclareço que todas as informações relativas ao acesso ao Ensino Superior 2013 se encontram nesta página: