quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A Declaração do PR

Disse, no post anterior que o “complexo de imparcialidade do Sr. Presidente da República (...) acabou (propositadamente ou não) por espetar enorme farpa na estratégia do PSD”.
Depois de ouvir o Presidente fico com a certeza de que estava certo.
Ao querer ser o “Presidente de todos os Portugueses” e tentar, a todo o custo, não ter interferência na campanha eleitoral para as legislativas, Cavaco sacrificou quatro coisas:



1ª) A verdade.
2ª) A sua própria isenção.
3ª) A Dra. Manuela Ferreira Leite e o PSD.
4ª) A possibilidade de ser reeleito.



1ª)



A verdade porque, através de mentiras e boatos, alicerçados em políticos e jornalistas que enfiam a ética no bolso dos favores de que necessitam ou têm que prestar (Director do DN incluído), o pretenderam, efectivamente, manipular.
Afinal, tal como o agora Deputado Pacheco Pereira sempre o afirmou, havia uma estratégia (eleitoral) obscura para colar o Presidente ao PSD.
Conclusão: houve manipulação, há vulnerabilidade na segurança.
Quem tirou partido disto?



2ª)



Ao pretender “ser capaz de resistir, em nome do que considera ser o superior interesse nacional” o Presidente, para além de demonstrar inabilidade política, sacrificou também a sua própria isenção.
Sr. Presidente, no preciso momento em que divulgou as “alterações” que fez na sua Casa Cívil, arrumou com a isenção! Para a opinião pública este acto absolveu, precisamente, aqueles que o manipularam.
Sei que águas passadas não movem moinhos mas, já que a isenção já era letra morta então, perdido por dez, perdido por mil e dizia tudo de uma vez e na altura certa!
3ª)



A Dra. Manuela Ferreira Leite e o PSD foram os primeiros condenados.
Condenados e apedrejados pelos comentadores da nossa praça. Sim, os mesmos que trabalham para os jornais e televisões que, em vez de transmitirem o que se ia dizendo do estado deste país na campanha eleitoral, dedicavam os minutos do PSD às perguntas sobre o TGV, as escutas, a Madeira, o Salazar e a outras coisas do tipo que as agências ao serviço do Governo lhes encomendavam.
Só um pequeno desabafo: só há uma maneira de alguém do PSD dizer o que quer na televisão. Basta predispor-se a malhar na Dra. Ferreira Leite. E, há que reconhecê-lo, muitos são os que estão prontos para isso!


4ª)



O Professor Cavaco Silva corre sérios riscos de ser o primeiro Presidente (depois de 74) que não conseguirá ser reeleito.
A declaração de hoje, por mais verdadeira que seja, hostilizou o PS. E quem se identifica com este partido facilmente optará por outro candidato presidencial conotado à esquerda (Manuel Alegre deve estar a dar saltos de alegria).
E mesmo o indefectível militante do PSD (até aquele “último dos cavaquistas”) que já andava aborrecido com a irritante mania do Presidente de não querer ter nada a ver com o PSD, que não consegue ter uma noite bem dormida desde o dia 27, está com uma vontade enorme de lhe dizer que, para além de ter votado em si, também gostava de ser considerado um desses “todos os Portugueses” dos quais o Sr. é Presidente!













segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O dia seguinte

Eis o que fica destas eleições:



PÉSSIMO:


Sócrates será Governo outra vez.


MAU:


Embora o número de inscritos tivesse aumentado em relação a 2005 (mais 551653 eleitores), houve menos 54852 votantes.


A comunicação social decidir eleições.


MEDÍOCRE:


O complexo de imparcialidade do Sr. Presidente da República que acabou (propositadamente ou não) por espetar enorme farpa na estratégia do PSD.


SUFICIENTE:


O PS ter perdido a maioria.


Não haver maioria PS+BE.


O CDS ter ficado à frente do BE.


Desculpem, mas não consigo descortinar nada de BOM!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Aos meus colegas Professores (Titulares ou não)

Caro colega,

Recordo hoje o modo como nestes últimos quatro anos e meio foi tratado.


Sei que continua no mesmo escalão em que estava em 2005 e que só mudará daqui a dois ou três anos.


Partilho consigo a frustração de tantas vezes querer ensinar a quem não quer aprender e a habilidade de ter aprendido a entreter.


Sei do infindável número de horas que perdeu em reuniões ou no preenchimento de papéis inúteis que outra coisa não serviu que não fosse a justificação do sucesso estatístico que nos impõem.


Tenho saudades do tempo em que Ministros e Secretários de Estado patenteavam, pelo menos, alguma consideração por nós.


Manifesto o meu orgulho pelos momentos, deveras singulares, em que demonstrámos saber ser uma classe profissional que lutou, em uníssono, pela sua dignidade e pela qualidade do Sistema de Ensino.


Envio um grande abraço aos (muitos) colegas que, em favor da sua sanidade mental e bem-estar das suas famílias, resolveram terminar as suas carreiras e colocar um ponto final naquilo que mais gostavam de fazer, ensinar.


Tenho saudades do tempo em que não tinha que o avaliar e sabia que nunca seria avaliado por si. Lembra-se, colega, as únicas quotas de que falávamos eram as do glorioso!


Caro colega,


Hoje dirijo-me a si porque sei o que me foi dizendo deste Governo neste últimos quatro anos. Sei também do tempo que tirou à sua família para sair à rua e fazer ouvir a sua voz. Sei que nunca reclamou por melhor salário apesar de, em alguns meses, as greves terem abalado o orçamento familiar.


Não acredito que tudo isto possa ter sido em vão!


Sabe, colega,


Sei que muitas das coisas (que nos fizeram) dificilmente voltarão a ser como dantes. Mas de uma coisa tenho a certeza. Com estes novamente a governar-nos é que não mudarão, de certeza!


Por isso, quando votar no dia 27, mais do que a sua ideologia política, mais do que o modo como votou em eleições anteriores, mais do que a sua simpatia por A, B ou C, pense na resposta a esta questão:


Como votar para garantir (efectivamente) que Sócrates não é Governo outra vez?


Desculpe, colega, pela ousadia de uma última observação. Se daqui a uns meses colocar no jornal um anúncio em que pede desculpa pela sua responsabilidade na permanência destes mesmos no Governo, prometo que lhe faço engolir o papel!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

3 f's

Às vezes tenho uma estranha vontade de discordar da maioria, daquilo que todos parecem aceitar com naturalidade.
Hoje é um desses momentos.
Desculpem, mas não consigo perceber como é que candidatos a Primeiro Ministro do Governo de Portugal incluem nas suas campanhas a participação no programa “Gatos Fedorentos”.
Não percebo e nem sequer vou perder tempo a explicar porque não percebo. Acho que é daquelas coisas tipo axioma.
No entanto, consigo perceber perfeitamente o sucesso de audiência do programa. Não é difícil. Já Salazar o dizia. O que é preciso é entreter o Zé Povo.
Vivam os 3 f’s!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ideias para recuperar a Escola Pública – Família.

Trata-se, fundamentalmente, de um pré-requisito. Enuncia-se de uma forma simples: a sociedade não pode empurrar para a escola a resolução dos problemas que não consegue resolver, nem deve esperar que esta esteja habilitada a educar sobre tudo e mais alguma coisa.
Quem dirige o país deve ter a noção e fazer perceber aos cidadãos que a escola não é a primeira responsável pela educação das crianças e jovens, nem sequer é o responsável principal. Este papel é dos pais. Portanto, o estado tem que cumprir duas obrigações:
- Tentar proporcionar aos pais as melhores condições para educarem os seus filhos.
- Fazer com que os pais não se esqueçam dessa tarefa.
Ora, o problema começa aqui. Quem nos tem governado ultimamente não tem tido estas prioridades em atenção.
Por um lado tem havido, conscientemente, fortes investidas no sentido do desprestígio e do desaparecimento da família tradicional em Portugal. Em simultâneo até, atirou-se para a escola a responsabilidade de educar sobre tudo. Veja-se a fobia actual com a gripe A!
Por outro, a precariedade do trabalho e a crise económica potenciaram o papel de armazém da escola impedindo que os pais tenham tempo (ou queiram ter!) para estar com os filhos.
De um modo muito claro: pais e filhos devem passar mais tempo juntos! É aqui que começa a educação, no “estar com”. E o “estar com” faz-se, fundamentalmente, em família (tradicional ou não). Por isso, quem nos vai governar tem que perceber que o alicerce da estrutura social passa por aqui. Há que revalorizar a família como núcleo base dessa sociedade. Por isso, deve inverter os sinais que tem dado. Em vez de perder tempo com as questões que se prendem com os modelos ou formas que a família pode assumir, deve investir significativamente nas formas que tem ao seu dispor não só para dar sustentabilidade às famílias mas também para revalorizar o seu papel como núcleo fundamental da sociedade.
Em paralelo, deve também o estado ser exigente com os seus cidadãos, algo que não tem acontecido nas últimas décadas. Em vez de incentivar à quebra do compromisso, deve exigir dos cidadãos, não só a maturidade no assumir do mesmo como pedir a sua longevidade. Isto é fundamental para uma sociedade estruturada. Reduzindo a precariedade da família potencia-se o seu papel educador, deixando para a escola os aspectos para os quais está mais predestinada.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ideias para recuperar a Escola Pública – Opção 3: As alternativas anteriores, em simultâneo.

Uma Escola Pública que concilie certificação com efectiva qualidade de aprendizagem é aquilo que ainda ninguém conseguiu fazer em Portugal. Este é o desafio que quem tem dirigido a educação neste país ou tem preferido ignorar ou não tem tido engenho para satisfazer.
Como se consegue que uma escola de massas promova qualidade de aprendizagens?
Como garantir que a certificação seja, na realidade, das competências de que o país necessita que os jovens adquiram?
Como resolve a Escola Pública o binómio conhecimento científico versos exigências sociais?
Estas perguntas enunciam desafios difíceis, que não se atingem em curtos espaços de tempo. São necessários passos pequenos, firmes e sequenciados, no sentido de se irem construindo respostas, a médio e a longo prazo, que produzam, não os títulos de jornais que os políticos não dispensam, mas sim os resultados que o país verdadeiramente necessita.
Seguir-se-ão pequenas e humildes achegas para que a desejada conciliação se vislumbre.