quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ideias para recuperar a Escola Pública – Regras.

Nos dias que correm, a Escola Pública transmite uma ideia terrível às crianças e jovens que a frequentam. A ilusão de que há sempre forma de resolver com sucesso e sem penalização um incumprimento.
Se o aluno ultrapassa o limite de faltas permitido, então volta a pôr-se tudo a zero para começar de novo.
Se tem n negativas no final do ano, então transita para o próximo, na certeza de que o aluno irá revelar as competências (talvez inatas!) que se sabe que tem mas que (ainda) não mostrou.
Se o rapaz é um delinquente, então haverá um CEF que prolongará a agonia de ter que lidar com ele, mas que acabará por lhe fornecer um certificado.
Tudo tem solução em favor da dita inclusão do aluno na Escola com base em critérios administrativos que regulam, comprimem e subjugam a pedagogia e o conhecimento.

Ora, a vida real não é assim. A vida dá poucas segundas oportunidades!
A sociedade exige maturidade e regras para funcionar.

Daí que a Escola de hoje esteja a preparar mal os jovens, esses a quem se exigirá um dia que sejam adultos. Só o fará correctamente quando voltar a ter regras (claras e justas) na assiduidade, na autoridade e na avaliação. E essas regras não são contra o aluno! Não são, como alguns argumentam, uma forma de promover abandono e exclusão. Tais regras são o primeiro passo para que os jovens se consciencializem do seu papel futuro como cidadãos, numa sociedade que só consegue ser livre e democrática porque está alicerçada em regras claras que todos devem respeitar em seu próprio benefício e do próximo.
Exige-se, pois, que o frenesim legislativo que suporta o actual sucesso estatístico seja substituído pela definição simples, clara e justa de regras e pela imposição do seu cumprimento nos aspectos assinalados (assiduidade, autoridade e avaliação).

Por fim, a constatação de uma evidência.

É claro que esta Escola com estas regras está perfeitamente contextualizada no modelo que a sociedade actual preconiza.
Basta ver, por exemplo, como a Justiça (não) funciona ou olhar a postura, a qualidade e os valores de quem dirige o país ou, até, constatar a constante divergência, em termos económicos e consequente qualidade de vida, em relação aos nossos parceiros europeus.

Mas esta é a sociedade que se pretende que melhore.
Quando? No futuro (embora ontem já tivesse sido tarde). E o futuro são os jovens que frequentam as nossas escolas.
Se as Escolas não mudarem o modo como preparam esses jovens, como poderemos esperar que a sociedade modifique?

1 comentário:

ybs disse...

Very well said! I couldn't do it better...