sexta-feira, 22 de junho de 2012

Comentário ao exame nacional de Matemática A (635) - 2012 - 1ª Fase

A prova é trabalhosa e, apesar de ter alguns itens dentro do habitual, apresenta outros que a maioria dos alunos deverá ter considerado complicados.

O Grupo I apresenta itens que não são tão directos como de costume, ou seja, é preciso algum trabalho antes de encontrar a opção certa. Refiro como exemplos os itens 1, 2, 4, 5 e 7.

Relativamente ao Grupo II:

Item 1.1. - Todos os anos tem saído uma questão deste tipo, embora neste caso haja maior exigência no cálculo e, ao incluir-se a determinação das raízes cúbicas, espartilhou-se mais a cotação da questão. Ou seja, em anos anteriores, a mesma cotação foi dada testando-se menos conhecimentos.

Item 1.2. - Prevejo que será uma das questões com mais baixa média de classificação.

Item 2.2. - Outra questão que tem saído várias vezes e que está relacionada com o Teorema da Probabilidade Total e Regra de Bayes. Tal como já noutras ocasiões aqui escrevi, volto a dizer que me parece uma questão mais adequada para a prova de MACS e com tanto conhecimento para testar, não percebo a insistência neste tema.

Itens 2.2., 3 e 5.2. - São questões espectáveis e dentro do tipo de problemas que os alunos abordaram nas aulas.

Item 4.1. - Conhecendo as dificuldades que muitos alunos têm na resolução deste tipo de equações, prevejo também uma média de classificação não muito elevada para este item. Acrescento que os critérios de correcção deveriam ter previsto a distribuição de cotações para aquelas respostas que apenas provarem (ou tentarem provar) a existência do zero (por substituição do valor na expressão da função) e não a sua unicidade.

Item 4.2. - Outra questão dentro do habitual (espero é que os alunos tenham introduzido a expressão da função f correctamente na calculadora).

Item 5.1. - O cálculo dos limites quando x tende para + infinito deve ter causado bastantes problemas a muitos alunos. Tais limites fazem lembrar um pouco os do nosso tempo de estudantes. Mas aí a destreza de cálculo era outra! Não me parece que o foco do actual programa de Matemática A seja a destreza na resolução de expressões (se bem que eu até ache que ela devia ter mais relevância do que a que lhe tem sido dada). Não acho que nos últimos anos tenhamos vindo a preparar os nossos alunos para isso. Mas posso estar enganado!

Item 6.1. - Se a trigonometria já é complicada para muitos alunos, então que dizer deste exercício? Não me recordo de uma questão deste tipo num exame em que o ângulo de referência fosse obtuso. A par do item 1.2., acho que este deverá ter sido o mais difícil.

Item 6.2. - Sendo certo que o cálculo da derivada de P está dentro do que é espectável para um aluno de 12º Ano, depois de se passar pelo item 6.1., já não sei se alguns alunos tiveram a lucidez para completar o exercício.

Em resumo: 
Na globalidade, mais trabalhoso que o habitual, exigindo mais treino e destreza de resolução algébrica de expressões.
Com dois itens mais exigentes, o 1.2. e o 6.1.
A média vai descer e não sei se será positiva!

P.S.: Esta prova vai dar muito trabalho a corrigir e são de esperar muitas "indicações" do GAVE aos correctores. Só espero que as "indicações", em vez de acrescentar o que os critérios específicos de correcção já deviam prever, não venham contradizê-los ou complicá-los!

6 comentários:

Anónimo disse...

Acredito que o exame não seja dificil para quem estudou o suficiente. No meu caso, tenciono entrar em economia e não consigo perceber a necessidade de estar a ter trignometria, funções avançadas e outros temas que não estão minimamente relacionados com Economia.
Como voce indicou e bem, a questao das probabilidades era mais adequada a um exame de MACS (Matematica aplicada as ciencias socias)
A economia e uma ciencia social logo quem vai ou estuda economia devia ter MACS e nao Matematica A.
Queixo me do exame pois não existe necessidade nenhuma de por alunos como eu a fazer estes exames.

Nada disto e logico, um treinador nao exige que o ponta de lança seja um bom guarda redes nem vice versa.

O conhecimento nao ocupa espaço mas gasta tempo, um recurso bastante escasso nestes tempos.

Anónimo disse...

Na minha opinião: o exame não foi difícil, para quem estudou convenientemente. exigiu muito mais da nossa lógica, o que eu considero positivo: matemática não deveria ser acerca de decoranços, e sim de saber relacionar todos os conceitos para compreender as matérias em toda a sua globalidade. os alunos precisam de treinar o seu raciocínio. penso que, ao introduzirem outros tipo de exercícios que nós, os alunos, não estamos nada habituados a ver, tenha causado muita confusão. mas não considero que tenha sido difícil e exigente em termos de cálculos. os limites não eram nada por aí além, e as questões de trigonometria também não considerei. a única que achei realmente difícil foi a dos complexos, achei muito "abstracta", daí que não a tenha justificado convenientemente...

Spets_Naz disse...

Estudei bastante e no entanto prevejo insucesso. Ao olhar para cada uma das perguntas identifico-me no que foi disto neste post. Porque conhecendo a matéria se percebe facilmente que vinha armadilhado. E tal como foi dito em relação ao item 6.2 eu acho que mal vi o primeiro item fiquei dessa forma pois senti-me logo desmotivado. É quase como obrigarem uma pessoa a treinar futebol durante 6 meses a treinar para uma maratona e depois dizerem-nos que vamos ter de fazer 80km. Enfim sinto-me triste pois sei que a nota vai ser desagradável apesar do esforço.

Anónimo disse...

Sou uma aluno de 12º ano e realizei este preciso exame nacional na passada quinta-feira. Acabei com 15 de média dos 3 anos e sinceramente não queria acreditar naquilo que estava à minha frente.

Geralmente começo sempre por realizar o grupo II do exame, o que me prejudicou imenso porque estive 3 horas dentro da sala e não tive tempo sequer para começar a realizar o grupo I.

Não espero tirar positiva no exame o que significa que a minha nota baixará de 15 para 13, o que acho completamente injusto para quem trabalhou tanto durante 3 anos de aulas.

Mas o que mais me chocou foi o parecer da Sociedade Portuguesa de Matemática que afirma "O Exame Nacional de Matemática A tem uma extensão adequada ao tempo previsto para a respetiva resolução. Consideramos que está num patamar de exigência que se pode considerar
semelhante ou muito ligeiramente superior ao do realizado no
ano passado. (...) Em resumo, a SPM faz uma avaliação positiva desta prova de exame embora considere que há ainda lugar para um ajustamento do nível de exigência."

Sinceramente não sei onde nos querem levar com isto e acho que este exame só passará uma má imagem dos alunos portugueses, para além de que muitos ficaram com o sonho de um determinado curso superior destruído, visto este exame ser a prova de ingresso de milhares de alunos que pretendem candidatar-se à 1ª fase do ensino superior.

Anónimo disse...

Uma análise muito profissional, não perdendo de vista o programa em vigor, que outros fazem de conta que não existe.
Espero que também já não seja sócio da SPM: http://www.spm.pt/files/outros/parecer_MatA_2012.pdf

AMMA

Anónimo disse...

"Anónimo disse...
Acredito que o exame não seja dificil para quem estudou o suficiente. No meu caso, tenciono entrar em economia e não consigo perceber a necessidade de estar a ter trignometria, funções avançadas e outros temas que não estão minimamente relacionados com Economia.
Como voce indicou e bem, a questao das probabilidades era mais adequada a um exame de MACS (Matematica aplicada as ciencias socias)
A economia e uma ciencia social logo quem vai ou estuda economia devia ter MACS e nao Matematica A."

Em relação a este comentario so tenho a dizer que, como estudante de economia (finalista) o que aqui foi dito sobre a aplicação da matematica à economia é um absurdo. Os programas universitários de matematica no curso de economia envolvem "funçoes avançadas" e outras coisas bem mais complicadas. Pelo que sei MACS tem mais conceitos de estatistica, que no curso de economia tambem serao precisos mas que se adquirem la,ou seja nao é necessario nenhum conhecimento especifico previo (tal como é necessário com a matematica). A matematica tem como principal funçao desenvolver o raciocinio mental que é muito importante para o curso que queres ir...Ah e se pensas que, quando chegares a faculdade, todas as cadeiras vao ter uma utilidade na tua profissão estas muito enganado/a. Nao sei se estas a par dos programas deste curso mas envolvem muita matematica e sem bases, de todos os anos que a estudamos no básico e no secundário, é muito dificil perceber. Boa sorte, ja agora !