quarta-feira, 11 de maio de 2011

Taxa de resposta nas sondagens

Num período profícuo em sondagens (não me recordo de em eleições anteriores neste país se terem realizado tantas sondagens como está a acontecer para estas) vem a propósito discutir a questão da taxa de resposta a uma sondagem.

De acordo com os autores de As sondagens e os resultados eleitorais em Portugal, "a diminuição das taxas de resposta e da cobertura do telefone fixo podem estar por detrás" de um fenómeno identificado como "a existência de uma tendência secular no sentido de se verificar (...) uma cada vez maior discrepância entre sondagens e resultados eleitorais". Os autores identificam também o "não-contacto" e a "não-resposta" como erros sistemáticos na constituição da amostra de uma sondagem. Referem explicitamente que "estes erros não teriam consequências relevantes se os indivíduos que fazem parte da base de amostragem e os que não fazem, os que são contactados e os que não são, e os que respondem e não respondem ao inquérito se distribuíssem aleatoriamente. Contudo, há boas razões para supor que as características sociais e as atitudes políticas dos eleitores não se distribuam dessa forma. O resultado é erro sistemático de amostragem."

Ora, observando as fichas técnicas das últimas sondagens realizadas deparamos com valores percentuais para as taxas de resposta que me parecem muito baixos:

Sondagem da Intercampus para PÚBLICO e TVI (09.05.2011): 48,1%.
Sondagem da Intercampus para PÚBLICO e TVI (06.05.2011): 47,7%.
Barómetro Marktest para a TSF e “Diário Económico” (21.04.2011): 18,1%.

Convém esclarecer que a taxa de resposta se calcula com a fórmula seguinte (conforme a Ficha Técnica para o Depósito das Sondagens):

De acordo com esta fórmula, quanto maior for o denominador menor é o valor obtido. As parcelas R e NC são então determinantes para a variação deste denominador. Por exemplo, no caso da sondagem de 21.04.2011, para uma amostra final de 805 entrevistados verifica-se que NC=2319 e que R=1317 (conforme a ficha técnica desta sondagem). Ou seja, qualquer um destes valores é superior ao número de elementos da amostra.

Como interpretar esta taxa de resposta?
Parece-me que a primeira ideia deverá ser a de ter prudência quando se quer tirar conclusões destas sondagens. E nessa linha de pensamento será adequado pensar que está ainda muito longe de se decidir esta eleição. O que salta à vista é a grande percentagem de pessoas que ou não querem dizer ou não decidiram ainda em quem vão votar ou se vão votar.
Mais uma vez, parece-me que Paulo Rangel acerta quando aconselha os partidos (o seu em particular!) a falar para este enorme conjunto de indecisos. Uma vez mais também, serão eles que decidirão o resultado do próximo dia 5 de Junho.

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